Serra e Roberto Freire, que podem unir-se para disputar 2014. |
Ao defender a proliferação de partidos de forma oportunista, a oposição pode estar cometendo (mais) um erro. Explica-se: cada partido com candidato próprio e pelo menos um
deputado no Congresso tem direito de exigir participar de debates na TV,
pela legislação eleitoral.
Em geral os canais de TV perdem o interesse de promover debates no
primeiro turno quando o número de candidatos ultrapassa seis. Mesmo se
promoverem um debate com 9 ou 10 candidatos, por exemplo, ninguém
aguenta assistir, e o efeito é nulo sobre o eleitor, pois os principais
candidatos quase não conseguem falar, e os embates que seriam
interessantes simplesmente não ocorrem.
Logo, torna-se grande o risco de, quanto mais partidos, mais inviável
será promover debates. Geralmente a ausência de debates no primeiro
turno beneficia quem está na frente das pesquisas. Principalmente quando
é o caso de quem está no cargo, bem avaliado, disputando a reeleição,
como deverá ser o caso da presidenta Dilma Rousseff.
Além disso, a pulverização de candidatos – combinada com o
favoritismo atual da presidenta – pode reduzir a atenção do eleitor na
disputa presidencial, por falta de polarização, e deixá-lo mais
envolvido com eleições acirradas para governador ou governadora. De novo
favorece quem disputa a reeleição.
No atual quadro partidário, com representação no Congresso, há boa
probabilidade de haver as candidaturas de Dilma Rousseff (PT), Aécio
Neves (PSDB), Marina Silva (Rede ou MD), Eduardo Campos (PSB), Chico
Alencar (PSOL) e José Serra (ainda indefinido). Também é provável que
Levy Fidelix (PRTB) seja candidato. Cogitam lançar candidatos próprios, o
PV e o PSC. Pouco provável, mas não descartado de todo, a possibilidade
do PDT e PTB virem a ter candidato também.
Há ainda os partidos menores, sem representação no Congresso, mas que
lançaram candidatos em 2010, como o PSTU, PCB e PCO, além do PSDC de
José Maria Eymael. O comportamento do PPL, lançando candidatos próprios
em várias cidades em 2012, indica que pode repetir a estratégia nas
próximas eleições.
Há novas legendas já criadas, como o PEN, e outras em processo de
criação, que não sabemos como se comportarão. Com esse quadro o número
de candidatos de partidos com representação na Câmara, pode chegar a
algo entre 7 e 11, por enquanto. Todos eles têm direito a exigir
participação em debates. No horário eleitoral na TV e no rádio, o número
de candidatos pode superar a quinze (em 2010 foram nove).
Como se vê, a tese de mais candidaturas para fragmentar os votos e
levar a eleição para o segundo turno, poderia funcionar melhor – se é
que funciona – com o atual quadro partidário do que incentivando o
surgimento de novos partidos sem representatividade popular.
Independentemente desse cálculo político, a tentativa do Congresso
Nacional de disciplinar a criação de partidos, através da PL 4470/2012,
de forma a evitar a proliferação de legendas de aluguel só para ter
tempo na TV e parcela do fundo partidário é correta, saudável para o
interesse público, moralizadora, ética e republicana.
Partidos não devem ser aventura, nem mero produto de uma campanha de marketing. Devem ser organizações enraizadas na sociedade e que expressam correntes de pensamentos.
No caso de Marina Silva, por exemplo, se ela quer criar um partido em
vez de filiar-se a algum já existente, não pode reclamar de ter de
fazer aquilo que qualquer partido no mundo precisa fazer: começar do
início, crescer e aparecer, levando suas propostas à aceitação popular
expressa nas urnas.
O resto é querer pegar o atalho do golpe, do casuísmo, e tentar trapacear usando as brechas da infidelidade partidária.
http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/helena/proliferacao-de-partidos-pode-ser-o-tiro-no-pe-da-oposicao
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