Por Altamiro Borges
A Agência Brasil acaba de confirmar que “a CPMI do Cachoeira
convocou hoje (5) a prestar depoimento o engenheiro Paulo Vieira de Souza,
conhecido como Paulo Preto, ex-presidente da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário
S/A) e ligado ao PSDB paulista. A convocação foi aprovada no mesmo bloco de
requerimentos para a convocação do ex-presidente da Delta, Fernando Cavendish,
e do ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit)
Luiz Antonio Pagot”.
Segundo a repórter Luciana Lima, os requerimentos foram
aprovados por unanimidade, “mas a convocação de Paulo Preto gerou polêmica”. Senadores
e deputados tucanos tentaram barrar sua ida à CPMI. O medo é totalmente
justificável. Paulo Preto foi um dos principais “operadores” da campanha
presidencial de José Serra em 2010. Ele é considerado um “homem-bomba” e vivia
nas sombras. Só ganhou projeção quando a então candidata Dilma Rousseff,
durante debate na Band, citou o desvio de R$ 4 milhões do caixa de campanha
tucano. José Serra ficou desnorteado e chegou a mentir, dizendo que não
conhecia Paulo Preto.
Tentativa de desviar o foco
A convocação de Fernando Cavendish, Antonio Pagot e Paulo
Preto deve esquentar ainda mais os debates na CPMI. A construtora Delta é suspeita
de envolvimento no esquema montado pela quadrilha de Carlinhos Cachoeira, com
contratos bilionários em todo o país – inclusive em São Paulo. Já o Dnit foi
denunciado por beneficiar a empresa. E Paulo Preto foi o principal responsável
pelos contratos entre a Dersa e a Delta durante os governos de Geraldo Alckmin
e José Serra em São Paulo.
Na tentativa de desviar o foco da CPMI e de alvejar o
governo Dilma Rousseff, que mantinha contratos com a Delta, os líderes do PSDB,
do DEM e do PPS até encenaram que queriam ouvir Fernando Cavendish. Agora,
porém, eles devem estar arrependidos. O depoimento dos três convocados pode
respingar de vez nos governos tucanos e, principalmente, prejudicar a
candidatura de José Serra na capital paulista. Caso não ocorra nenhum acordo de
bastidor, o tucano notívago terá noites mais longas de insônia!
Depoimentos de Cavendish e Pagot
Cavendish poderá explicar os bilionários negócios com os
governos do PSDB. Conforme revelou a jornalista Conceição Lemes, do blog
Viomundo, entre 2002 e 2011, a empreiteira fechou pelo menos 27 contratos com
empresas e órgãos públicos do governo de São Paulo. “Em valores corrigidos
(considerando a inflação do período), eles chegam a R$ 943,2 milhões”. Por
coincidência, o maior contrato foi feito com a Dersa para executar a ampliação
da marginal do rio Tietê: R$ 415.078.940,59 (valores corrigidos).
Já Luiz Antonio Pagot poderá reafirmar as denúncias feitas numa recente entrevista à revista IstoÉ. Nela, o ex-diretor do Dnit deu detalhes sobre a pressão que sofreu para aprovar aditivos ilegais para o trecho sul do Rodoanel. Segundo ele, a obra serviu para abastecer o caixa 2 da campanha presidencial de José Serra em 2010. Vale relembrar dois trechos da reportagem:
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“Veio procurador de empreiteira me avisar: ‘Você tem que se
prevenir, tem 8% entrando lá.’ Era 60% para o Serra, 20% para o Kassab e 20%
para o Alckmin”, disse Pagot. Nas conversas com IstoÉ, Pagot também afirmou ter
ouvido do senador Demóstenes Torres um pedido para que o ajudasse a pagar
dívidas de campanha com a Delta com a entrega de obras para a construtora. Mas
nem o aditivo de R$ 260 milhões para o trecho sul do Rodoanel foi liberado pelo
DNIT – embora tenha sido pago pelo governo de São Paulo – nem o favor a
Demóstenes foi prestado, segundo Pagot.
Pagot contou à IstoÉ que recebeu pressões para liberar R$
264 milhões em aditivos para a conclusão do trecho sul do Rodoanel. Segundo
ele, em meados de 2009, o então diretor da Dersa, empresa paulista responsável
pelas estradas, Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, solicitou uma audiência
no Dnit. Levou assessores, engenheiros e um procurador para tentar convencer
Pagot a liberar a quantia. Até então, a obra tinha consumido R$ 3,6 bilhões,
sendo R$ 1,2 bilhão em repasses da União.
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Ficha corrida de Paulo Preto
Já o depoimento de Paulo Preto servirá para tirar da
penumbra esta sinistra figura que mete tanto medo em Serra. O ex-diretor de
engenharia da Dersa, Paulo Vieira de Souza, tem extensa folha de serviços
prestados ao PSDB. Ele comandou várias obras nos governos tucanos de São Paulo,
como o Rodoanel, que reúne inúmeras suspeitas de superfaturamento. A sua filha,
Priscila de Souza, é advogada de várias empreiteiras contratadas pelo governo
Serra para a construção do Rodoanel.
Em 2001, Paulo Preto foi assessor da Casa Civil do
ex-presidente FHC. Amigo íntimo de Aloysio Nunes, emprestou R$ 300 mil ao atual
senador para a compra de um apartamento no bairro nobre de Higienópolis. Em
junho de 2010, ele foi preso na loja Gucci por receptação de bracelete de
brilhantes roubado da própria loja. Mas a sua ação mais ousada se deu na
campanha presidencial de Serra em 2010. Responsável pela arrecadação, ele foi
denunciado por desaparecer com R$ 4 milhões do caixa-2 dos tucanos.
O "líder ferido" vai falar?
Quando Dilma Rousseff fez esta denúncia no debate da Band,
Serra ficou desesperado. “Não sei quem é Paulo Preto. Nunca ouvi falar”. Na
ocasião, outros líderes do PSDB também tentaram descartar o influente “operador” tucano.
Indignado e temendo ser lançado às feras, Paulo Preto decidiu sair da
clandestinidade e ameaçou. “Ele (Serra) me conhece muito bem... Todas as minhas
atitudes foram informadas a Serra... Não se larga um líder ferido na estrada...
Não cometam esse erro”, advertiu numa entrevista à Folha.
Será que o “líder ferido” agora vai falar em seu depoimento
à CPMI do Cachoeira?
http://altamiroborges.blogspot.com.br/2012/07/cpmi-convoca-paulo-preto-foge-serra.html#more
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