sexta-feira, 6 de julho de 2012

CPMI convoca Paulo Preto. Foge Serra!


Por Altamiro Borges
A Agência Brasil acaba de confirmar que “a CPMI do Cachoeira convocou hoje (5) a prestar depoimento o engenheiro Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, ex-presidente da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) e ligado ao PSDB paulista. A convocação foi aprovada no mesmo bloco de requerimentos para a convocação do ex-presidente da Delta, Fernando Cavendish, e do ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) Luiz Antonio Pagot”.
Segundo a repórter Luciana Lima, os requerimentos foram aprovados por unanimidade, “mas a convocação de Paulo Preto gerou polêmica”. Senadores e deputados tucanos tentaram barrar sua ida à CPMI. O medo é totalmente justificável. Paulo Preto foi um dos principais “operadores” da campanha presidencial de José Serra em 2010. Ele é considerado um “homem-bomba” e vivia nas sombras. Só ganhou projeção quando a então candidata Dilma Rousseff, durante debate na Band, citou o desvio de R$ 4 milhões do caixa de campanha tucano. José Serra ficou desnorteado e chegou a mentir, dizendo que não conhecia Paulo Preto.
Tentativa de desviar o foco
A convocação de Fernando Cavendish, Antonio Pagot e Paulo Preto deve esquentar ainda mais os debates na CPMI. A construtora Delta é suspeita de envolvimento no esquema montado pela quadrilha de Carlinhos Cachoeira, com contratos bilionários em todo o país – inclusive em São Paulo. Já o Dnit foi denunciado por beneficiar a empresa. E Paulo Preto foi o principal responsável pelos contratos entre a Dersa e a Delta durante os governos de Geraldo Alckmin e José Serra em São Paulo.
Na tentativa de desviar o foco da CPMI e de alvejar o governo Dilma Rousseff, que mantinha contratos com a Delta, os líderes do PSDB, do DEM e do PPS até encenaram que queriam ouvir Fernando Cavendish. Agora, porém, eles devem estar arrependidos. O depoimento dos três convocados pode respingar de vez nos governos tucanos e, principalmente, prejudicar a candidatura de José Serra na capital paulista. Caso não ocorra nenhum acordo de bastidor, o tucano notívago terá noites mais longas de insônia!
Depoimentos de Cavendish e Pagot
Cavendish poderá explicar os bilionários negócios com os governos do PSDB. Conforme revelou a jornalista Conceição Lemes, do blog Viomundo, entre 2002 e 2011, a empreiteira fechou pelo menos 27 contratos com empresas e órgãos públicos do governo de São Paulo. “Em valores corrigidos (considerando a inflação do período), eles chegam a R$ 943,2 milhões”. Por coincidência, o maior contrato foi feito com a Dersa para executar a ampliação da marginal do rio Tietê: R$ 415.078.940,59 (valores corrigidos).

Já Luiz Antonio Pagot poderá reafirmar as denúncias feitas numa recente entrevista à revista IstoÉ. Nela, o ex-diretor do Dnit deu detalhes sobre a pressão que sofreu para aprovar aditivos ilegais para o trecho sul do Rodoanel. Segundo ele, a obra serviu para abastecer o caixa 2 da campanha presidencial de José Serra em 2010. Vale relembrar dois trechos da reportagem:
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“Veio procurador de empreiteira me avisar: ‘Você tem que se prevenir, tem 8% entrando lá.’ Era 60% para o Serra, 20% para o Kassab e 20% para o Alckmin”, disse Pagot. Nas conversas com IstoÉ, Pagot também afirmou ter ouvido do senador Demóstenes Torres um pedido para que o ajudasse a pagar dívidas de campanha com a Delta com a entrega de obras para a construtora. Mas nem o aditivo de R$ 260 milhões para o trecho sul do Rodoanel foi liberado pelo DNIT – embora tenha sido pago pelo governo de São Paulo – nem o favor a Demóstenes foi prestado, segundo Pagot.
Pagot contou à IstoÉ que recebeu pressões para liberar R$ 264 milhões em aditivos para a conclusão do trecho sul do Rodoanel. Segundo ele, em meados de 2009, o então diretor da Dersa, empresa paulista responsável pelas estradas, Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, solicitou uma audiência no Dnit. Levou assessores, engenheiros e um procurador para tentar convencer Pagot a liberar a quantia. Até então, a obra tinha consumido R$ 3,6 bilhões, sendo R$ 1,2 bilhão em repasses da União.

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Ficha corrida de Paulo Preto
Já o depoimento de Paulo Preto servirá para tirar da penumbra esta sinistra figura que mete tanto medo em Serra. O ex-diretor de engenharia da Dersa, Paulo Vieira de Souza, tem extensa folha de serviços prestados ao PSDB. Ele comandou várias obras nos governos tucanos de São Paulo, como o Rodoanel, que reúne inúmeras suspeitas de superfaturamento. A sua filha, Priscila de Souza, é advogada de várias empreiteiras contratadas pelo governo Serra para a construção do Rodoanel.
Em 2001, Paulo Preto foi assessor da Casa Civil do ex-presidente FHC. Amigo íntimo de Aloysio Nunes, emprestou R$ 300 mil ao atual senador para a compra de um apartamento no bairro nobre de Higienópolis. Em junho de 2010, ele foi preso na loja Gucci por receptação de bracelete de brilhantes roubado da própria loja. Mas a sua ação mais ousada se deu na campanha presidencial de Serra em 2010. Responsável pela arrecadação, ele foi denunciado por desaparecer com R$ 4 milhões do caixa-2 dos tucanos.
O "líder ferido" vai falar?
Quando Dilma Rousseff fez esta denúncia no debate da Band, Serra ficou desesperado. “Não sei quem é Paulo Preto. Nunca ouvi falar”. Na ocasião, outros líderes do PSDB também tentaram descartar o influente “operador” tucano. Indignado e temendo ser lançado às feras, Paulo Preto decidiu sair da clandestinidade e ameaçou. “Ele (Serra) me conhece muito bem... Todas as minhas atitudes foram informadas a Serra... Não se larga um líder ferido na estrada... Não cometam esse erro”, advertiu numa entrevista à Folha.
Será que o “líder ferido” agora vai falar em seu depoimento à CPMI do Cachoeira?
 
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