quinta-feira, 9 de junho de 2011

Degola de Palocci enterrou “ley de medios”




O processo que culminou com a defenestração de Antonio Palocci gerou uma situação desconhecida na política nacional. Pela primeira vez, parcela relevante do partido que esteve unido em torno de Lula desde a sua criação ignorou seus pedidos de sustentação no primeiro grande ataque que mídia e oposição fariam ao governo Dilma.


Aprofundei-me no debate com os setores do PT que passaram a usar, ipsis litteris, o discurso de colunistas da grande imprensa como Augusto Nunes, Reinaldo Azevedo, Eliane Cantanhêde, Merval Pereira, Lucia Hippolito, Ricardo Noblat e por aí vai. Há centenas e centenas de comentários neste blog que chegam a reproduzir até frases literais desses colunistas.


A posição de setores do PT, do movimento sindical, da blogosfera, da grande imprensa e da oposição coincidiu ao ponto em que se tornaram voz uníssona a repetir as mesmas frases sobre “ética” em uma campanha moralista idêntica à que gerou o mensalão, mas com a diferença de que surgiu sem mero indício de qualquer ilegalidade por parte do alvo da campanha de desmoralização, Palocci.


Em pouco tempo, mídia, oposição, setores do PT e da blogosfera já reconheciam que estava sendo usada uma acusação sem provas para destruir a imagem do principal ministro do governo Dilma Rousseff. A questão ética seria pretexto para uma inviabilidade política dele, mas o que facilitaria sua queda seria a acusação falsa.


Obviamente que isso não significa que essas parcelas do PT e da blogosfera tenham se aliado à mídia golpista. Apenas se valeram dela para promover o que julgavam ser uma “faxina” no governo, empreendida contra a vontade da presidente Dilma Rousseff e de Lula, que resistiram a ceder à denúncia da Folha de São Paulo contra Palocci até onde deu.


É importante que fique claro: não se tem dúvidas, aqui, da honorabilidade dessas pessoas que, de boa fé, pediram a queda de Palocci. Acreditaram estar fazendo o melhor.


Por outro lado, os relatos de que Dilma acabou desconsiderando a posição de Lula de que ela não deveria ceder, sucedem-se ininterruptamente. Quem ainda não leu nenhum, ainda vai topar com alguns deles. Todavia, há quem diga que foi Palocci que não agüentou a pressão. Essa é, ainda, uma das grandes dúvidas. Dilma teria pensado em resistir?


Cheguei a achar que sim, que Palocci é que teria decidido se render. Mas o meu amigo Paulo Henrique Amorim, que sabe das coisas, diz que foi Dilma quem cedeu e que Palocci estava disposto a enfrentar mídia, oposição, parcelas do PT e até o próprio Paulo, blogueiro conceituado cuja opinião é muito respeitada.


Após o desastre, os que agiram de boa fé por acreditarem que faziam o certo passaram a um processo de negação de uma vitória da direita midiática que a mesma direita midiática já comemora nos jornais, com manchetes tripudiando sobre o governo, na tevê, na internet etc.

Essa parte é a mais incrível, do ponto de vista sociológico, pois dizem que quem fez a denúncia (a Folha) foi derrotado quando essa denúncia surtiu o efeito pretendido. Freud explica.


Mas um analista sempre sensato, Marcos Coimbra, diretor do instituto Vox Populi, explica direito como e por que o governo Dilma foi derrotado inclusive com a ajuda de parcela importante de seu partido, ainda que não veja nessa derrota o fim do governo.


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