quinta-feira, 9 de junho de 2011

O direito de pensar e escolher




Antes de tocar o barco, vale fazer um esclarecimento. Por muito tempo, a blogosfera vinha sendo acusada de ter uma voz única e governista. O caso Palocci mostra que não é verdade. Aliás, tanto não é verdade que vários blogueiros companheiros meus estão sendo acusados injustamente de terem “se vendido” ou “mudado de lado”.


Divirjo de todos os que queriam Palocci fora do cargo pela questão levantada pela Folha de São Paulo e turbinada pelo resto da grande mídia, ainda que alguns consigam ver na Globo ou na Veja algum tipo de boa vontade com Palocci que reportagens absurdas como a da revista no fim de semana sobre o apartamento alugado pelo ex-ministro mostram que inexiste.


Todavia, foram tantos atores diferentes que se inclinaram pela derrubada de Palocci que é perigoso colocar todos no mesmo saco ou começar a chamar as pessoas de “traidoras”.

Algumas dessas pessoas que estão sendo acusadas por divergirem dos que queriam presunção da inocência e provas contra o ex-ministro, conheço muito bem. Os outros blogueiros que comigo militam na organização do Encontro Nacional de Blogueiros, por exemplo.


Posso lhes dar a minha opinião? Acho um show que Azenha, Renato Rovai, Leandro Fortes, Maria Fro, Rodrigo Vianna e Paulo Henrique Amorim mostrem que é mentirosa essa história de que são governistas ou oposicionistas. Eles têm a opinião deles, respeito, e tenho a minha. E sei que as deles são legítimo produto da mais pura convicção.


Há gente de má fé que quis a queda de Palocci. Muita gente de má fé. Mas há gente que acredita que está fazendo o melhor ao chegar ao ponto de ter opinião análoga à da mídia e da oposição. A sua opinião pode coincidir, mas tem origem diametralmente diferente.


A dúvida de algumas pessoas sobre isso me preocupa porque os objetos dessa visão podem ficar marcados por terem mantido uma opinião por nela acreditarem sem que existisse razão oculta para acalentá-la.


Não quero particularizar a questão. Só acho que todos temos que ter cuidado ao julgar uma opinião como bem ou mal-intencionada. O quadro político é muito complexo – e continua se complicando – e todos, em algum momento, podem ter posições que divirjam deste ou daquele grupo.


O caso Palocci, em si, nem importa neste texto. Escrevo pelo direito de se pensar como se quer sem ser acusado de postura antiética. Essa é uma caça às bruxas que não leva a lugar nenhum.


Tenho preocupações com esses movimentos massificados em que todos falam a mesma coisa. Quando toda a mídia, toda a oposição e até setores do partido do governo falam a mesma coisa e não há, nesses grandes meios, espaço para o contraditório, se não se produzir o contraponto prevalece um debate burro.


Este blog foi criado para impedir que o pensamento único se disseminasse. Foi isso o que fez agora, mas não é possível que, como subproduto dessa ação, tenhamos uma difamação de quem achou que o lado certo era o que coincidiu com o da direita midiática e, assim, teve a coragem de enfrentar até parte de seu próprio público.


Às idéias, companheiros. As pessoas são detalhes, mas nem por isso podem deixar de ser tratadas como pessoas. Essa é uma postura na vida que interessa a todos, e por razões muito mais do que óbvias.


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