A oposição não desistiu de investigar o ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, e deve tentar convocar o ex-senador para prestar esclarecimentos na Câmara. Apontado como um dos responsáveis pelo dossiê dos aloprados, desmontado em 2006, ele depôs ontem no Senado, mas foi arguido por apenas três senadores oposicionistas. Agora, DEM e PSDB articulam nova convocação de Mercadante na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara. Além disso, os tucanos também pediram que outros três petistas envolvidos no episódio prestem esclarecimentos no Senado.
O depoimento de Mercadante à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado foi o melhor dos mundos para o atual ministro, por iniciativa da própria oposição. Dos seis parlamentares oposicionistas, apenas os tucanos Álvaro Dias (PR) e Aloysio Nunes (SP), além de Marinor Brito (PSol-PA), fizeram algum tipo de questionamento. Nenhum parlamentar do DEM compareceu. Sem adversários, Mercadante navegou sob calmaria. "Não devo e não temo o debate. O fato já foi fartamente investigado e meu nome nem sequer estava no relatório final da CPMI (que apurou as denúncias)", defendeu-se. O ministro apontou que a Procuradoria-Geral da República deu parecer apontando que não havia encontrado indício de sua participação no caso.
Em franca desvantagem numérica, os oposicionistas buscaram reforçar a necessidade de reabertura das investigações. "Antes não havia provas (contra Mercadante), mas agora há uma prova testemunhal. No mínimo pede a reabertura do inquérito. Essa comissão foi uma estratégia adotada para esvaziar ações de explicações, como a da Câmara", reclamou Dias. A revista Veja publicou supostos diálogos em que o atual secretário de Desenvolvimento Econômico do DF, Expedito Veloso, aponta a participação do ministro na confecção do dossiê, em parceria com o ex-governador de São Paulo, Orestes Quércia, falecido no ano passado.
Também teriam participado de diálogos sobre o escândalo dos aloprados a ex-senadora Serys Shlessarenko (PT-MT) e a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Nas conversas, teria sido apontado o envolvimento de Mercadante com a elaboração do dossiê contra o então candidato ao governo de São Paulo, José Serra (PSDB). O material ligava o tucano a um esquema de fraudes em licitações do Ministério da Saúde. Membros do comitê de Mercadante foram presos às vésperas das eleições de 2006 tentando comprar o dossiê, por R$ 1,75 milhão.
Sem condições de pressionar o ministro em uma comissão governista, o líder tucano, Álvaro Dias, ainda sugeriu um acordo a Mercadante. Disse que, se o ministro topasse dar novos esclarecimentos à Câmara, não apresentaria requerimentos convocando Veloso, Serys e Ideli — o acordo não foi fechado. "Se Quércia estivesse vivo, isso (acusações) não parava em pé nem por meia hora", disse Mercadante. Sem consenso, Dias apresentou os requerimentos com convite aos três políticos para que eles prestem esclarecimentos na CAE.
Dilma promete atenção aos pequenos
A presidente Dilma Rousseff disse ontem a senadores da base aliada que pretende assegurar na proposta do novo Código Florestal um "tratamento diferenciado" aos pequenos produtores. Em almoço com nove parlamentares do PCdoB, do PSB e do PDT, Dilma falou da possibilidade de flexibilizar a recuperação de áreas de preservação permanente e de conceder incentivos para a recuperação de áreas degradadas em pequenas propriedades. A proposta do novo código tramita no Senado. "Não vamos admitir anistia a desmatadores ilegais", disse a presidente aos senadores.
"Devo e não temo o debate. O fato já foi fartamente investigado e meu nome nem sequer estava no relatório final da CPMI"(Aloizio Mercadante, ministro da Ciência e Tecnologia)
Correio
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