A imprensa está noticiando a nova descoberta de petróleo no pré-sal, feita pelo consórcio Repsol (Espanha), Sinopec (China), Statoil (Noruega) e Petrobras, esta com apenas 30% dos direitos.
É coisa grande, mesmo não tendo sido informado o volume exato da descoberta. E os indícios são de óleo de boa qualidade e, por isso, de alto valor. Como foi afirmado que “é a principal realizada no pré-sal da Bacia de Campos”, é certo que tem grandes dimensões, já que existem campos em desenvolvimento na região, como o Tracajás, no campo de Marlim Leste, que entrou em testes de longa duração com produção de 23 mil barris diários, o que é um grande volume.
As reservas do pré-sal em Campos – que são bem menores que as da Bacia de Santos – já foram reestimadas para até 5 bilhões de barris-equivalentes de petróleo.
E podem ser ainda maiores, porque – mesmo com toda a tecnologia de prospecção – petróleo ainda tem suas incógnitas, tanto que esta descoberta foi feita no segundo poço exploratório, pois o primeiro fracassou.
Estas áreas, já licitadas, ficam fora das novas regras de exploração.
Mas, como a Petrobras tem cerca de 40% da área já licitada do pré-sal, dá para entender como a companhia está sendo exigida ao máximo, em trabalho, tecnologia e capital.
Logo, não tem o mesmo fôlego para novas licitações.
Nem o país precisa, dada sua capacidade estrangulada de refino, de outros aumentos de produção além dos enormes volumes que começam já a sair das áreas do pré-sal que entram em produção.
Portanto, é difícil explicar a necessidade de se promover uma nova “rodada” de concessões, mesmo deixando fora dela áreas pertencentes ao pré-sal. As áreas possivelmente integrantes do lote serão ao norte do país, na zona equatorial. Mesmo em volumes menores, já se sabe que lá há petróleo valioso, de alta qualidade. E numa localização que tem vantagens enormes se pensarmos nas refinarias Premium I e Premium II, no Maranhão e no Ceará.
É óbvio que a capacidade da Petrobras de arrematar e desenvolver novas áreas tem limites.
É bom que o Conselho Nacional de Política Energética, de quem depende a seleção final dos blocos e da data da licitação leve isso em conta.
Essa rica jazida hoje descoberta, licitada antes de sabermos que havia a camada de petróleo pré-sal, em 2005, deve servir de advertência.
Em se tratando de petróleo, é melhor deixar para amanhã o que um país não pode fazer hoje sem ter de abrir mão da parte do leão.
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