terça-feira, 24 de maio de 2011

Dólar continua entrando a rodo, apesar do IOF




Talvez porque tenha feito – para variar – um imenso terrorismo com a adoção de alíquotas maiores para a entrada de capital de curto prazo no Brasil – o discurso é sempre de que os investidores estrangeiros vão fugir – a imprensa brasileira praticamente não destacou um fato que só mereceu destaque na coluna de Eduardo Campos, sexta-feira, no Valor Econômico.


E ele mostra, com os dados do gráfico aí ao lado que, em apenas 13 dias de maio, o saldo positivo da entrada de dólares no país já voltou aos patamares pré-IOF do final de março.
Embora parte deste crescimento do fluxo seja em investimento “de verdade”, boa parte dele não é. Como o prazo que condiciona o IOF é de dois anos, uma grande fatia dele vai para os bancos, que captam dinheiro às taxas internacionais – baixíssimas, por conta das taxas públicas baixas praticadas pelas economias centrais – e emprestam a taxas domésticas muito altas, aqui.


Não era novidade que isso fosse ocorrer. Antes que apareçam os sabidões dizendo que isso não era surpresa, já é bom dizer que não é surpresa mesmo. Tanto que este modesto blogueiro, no dia 6 de abril afirmou que isso iria “surtir, pelo menos no curto prazo, efeito na contenção da absurda onda de dólares que entra – viciosamente – na economia brasileira”.


Por isso, vou transcrever um pedaço do post, que valia àquela época e continua valendo hoje:
“De qualquer forma, o sucesso desta medida é temporário.


Porque quando não se tem uma trajetória visível de queda na taxa de juros interna e muito menos uma perspectiva de alta de juros nos EUA – a economia de lá mal botou o nariz fora do buraco e o Federal Reserve, o BC deles, não vai subir suas taxas, menos ainda com o início da campanha eleitoral por lá – a diferença abissal entre o custo do dinheiro lá e cá faz dois anos passarem num estalar de dedos.


Eles vão ter um pouco mais de medo, sim, pelo prazo. Mas não vão fugir, digo de novo.
Só baixando nossos juros podemos exorcizar a ameaça do câmbio”.


Enquanto isso, continuamos elevando a dívida pública para pagar os juros e para enxugar a enxurrada de dólares. Ô vida…



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